O adolescente de 16 anos que está internado provisoriamente em uma unidade da Fundação Casa (antiga Febem), no Brás, região central de São Paulo, desde 29 de novembro, após ser acusado por testemunhas e flagrado por câmeras de segurança desferindo golpes de lâmpadas fluorescentes em um jovem na Avenida Paulista em 14 de novembro, afirmou ao G1 que está “arrependido” do que fez. Esta é a primeira vez que o adolescente fala sobre o caso à imprensa.
“Estou arrependido. Quero uma oportunidade, uma nova chance para mostrar que escolhi o caminho do bem”, declarou o estudante em entrevista intermediada pelo advogado Davi Gebara. O defensor recebeu por e-mail perguntas feitas pelo G1 e as encaminhou a seu cliente.
“Estou profundamente arrependido. Jamais faria isso de novo”, afirmou o adolescente, que está na Fundação Casa com outros três colegas menores de idade. Todos são suspeitos de pertencer a um grupo de jovens de classe média que atacou e agrediu pedestres na região da Avenida Paulista, segundo a Polícia Civil e o Ministério Público.
Até a última sexta-feira (3), a investigação havia contabilizado pelo menos seis vítimas – uma delas teria apanhado no início deste ano.
Além dos adolescentes, Jonathan Lauton Domingues, de 19 anos, foi apontado como membro do mesmo grupo. Por esse motivo, ele também foi indiciado por tentativa de homicídio e formação de quadrilha. Os delegados José Matallo Neto e Renato Felisoni, do 5º Distrito Policial, na Aclimação, chegaram a pedir a prisão preventiva do único maior de idade, mas a Justiça devolveu o inquérito à polícia solicitando mais diligências e informações sobre o suposto envolvimento de Jonathan.
Os menores estão internados por decisão da Justiça da Vara da Infância e Juventude.
“Vejo arrependimento do adolescente. É nítido. Se ele não demonstrasse arrependimento, eu não estaria no caso. Ele está no divisor de águas entre homens e meninos. Acho que ele necessita de mais uma oportunidade. Ele decidiu escolher o caminho do bem. Senti isso. Tenho filho e não defenderia alguém que não demonstrasse arrependimento”, afirmou Gebara.
O estudante de jornalismo Luís Alberto Betonio, de 23 anos, que aparece nas imagens apanhando do adolescente de 16 anos, deu entrevista ao Fantástico no domingo (5). Ele afirmou que teria apanhado porque foi confundido com gay quando caminhava ao lado de mais dois amigos. Por causa dessa informação, a polícia apura se a motivação das agressões foram por homofobia.
“Não teve homofobia”, diz Gebara. O garoto que desferiu os golpes com as lâmpadas não informou no entanto porque bateu no estudante de jornalismo.
Na manhã desta segunda (6), ele e os outros três menores suspeitos das agressões devem se reunir com o juiz da Vara da Infância e Juventude, o promotor do caso, os pais dos garotos e seus advogados. O encontro poderá dar início à audiência para decidir se os meninos continuarão internados para cumprir medidas sócio-educativas ou responderão as acusações em liberdade. Se forem mantidos na Fundação Casa, poderão ser sentenciados a até 3 anos de internação.
Segundo seu defendor, depois do que ocorreu, o menor deixou de frequentar as aulas e ficou bastante deprimido. "Ele [garoto] quer voltar a estudar novamente", disse Gebara.
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